A Casa

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“... os contrastes (...) integram o espinho na flor”
Galeno d’Avelírio - poeta cruzalmense

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A arte negra de todas as cores

Camarões, 1916, óleo sobre tela, do pintor baiano Emmanuel Zamor (1840-1917)


Nessa data de grande mobilização em prol do reconhecimento da contribuição negra na construção da identidade brasileira, nada mais pertinente do que falar sobre uma área pouco enfatizada que é a das artes plásticas.

Auto-retrato. Arthur Timótheo da Costa, 1919. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil.

Transcrevemos aqui parte de uma matéria sobre o tema com o artista plástico e museólogo baiano Emanoel Araújo que enumera dez artistas negros brasileiros, dos séculos XIX e XX, que passaram a ter seus nomes inscritos, definitivamente, na história da arte no Brasil.


Quando se fala na contribuição que os negros deram à civilização e à cultura brasileira, dificilmente se pensa de imediato em artes plásticas. Em geral, o que vem à lembrança é a música, em primeiro lugar, e fenômenos a ela relacionados, como os desfiles de escola de samba, o carnaval e outras manifestações. Depois disso, talvez se mencionem obras arquitetônicas e esculturais do Brasil Colônia e, mais recentemente, talvez se fale em literatura, por se levarem em conta as origens negras ou mestiças de escritores como Machado de Assis ou Mário de Andrade. No entanto, não são tão poucos os brasileiros negros que se dedicaram à pintura, nem é pequeno o valor artístico de sua produção pictórica. Suas obras têm sido resgatadas pelo artista plástico e museólogo Emanoel Araújo, desde o centenário da abolição da escravatura, em 1988, com a exposição "A Mão Afro Brasileira", e teve continuidade com a mostra "Negros Pintores", que se inaugurou no Museu Afro Brasil, em São Paulo (SP), em agosto de 2008.
Dez artistasNela, reuniram-se 140 pinturas de 10 artistas atuantes entre a segunda metade do século 19 e as primeiras décadas do século 20. O período em questão, na verdade, ainda não mereceu maior atenção dos estudiosos e historiadores da arte. Ao contrário, Emanoel Araújo ressalta "os maus tratos, a ignorância e a insensibilidade com que se trata no Brasil a história e a memória iconográfica" dessa época. "Durante muito tempo", diz o museólogo, "pouco se sabia sobre esses pintores, pouco se conhecia de sua produção artística". "Na verdade, essas obras ainda surpreendem quando aparecem no mercado de arte", ele acrescenta, lembrando "a necessidade de uma política de revisão para resgatar em profundidade essa produção artística". De qualquer modo, dez artistas já passaram a ter seus nomes inscritos, definitivamente, na história da arte no Brasil. "A vida de cada um deles", conta Araújo, "foi uma interminável batalha, um grande esforço pessoal, de uma tenacidade inimaginável, pela afirmação e reconhecimento de suas obras". "O fato de seus nomes permanecerem já credencia a raça negra ao reconhecimento da nação pela sua contribuição à construção da cultura brasileira", conclui.








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